Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
03/11/2012 - A chuva da noite

A chuva da noite silencia a terra num quê de perfume. A chuva da noite coloca os pássaros nos ninhos. A chuva da noite apaga os vagalumes. A chuva da noite traz um refresco aos corações acalorados. A chuva da noite atiça sonhos não vingados. A chuva da noite pede um sono de conchinha. A chuva da noite espanta a sequidão de ideias. A chuva da noite inspira, suspira, pira. A chuva da noite provoca como mulher que é. A chuva da noite pode ser encarada como prova de amor ou de fé. A chuva da noite cai como um buquê de noiva. A chuva da noite cola feito confete de carnaval. A chuva da noite está acima do bem e do mal. A chuva da noite é uma volta ao útero da natureza, uma beleza visceral.

A chuva da noite causa contrações em uma saudade parideira. A chuva da noite perfuma. A chuva da noite ilumina e escurece ao mesmo tempo. A chuva da noite chama por um copo de conhaque, de uísque, de café. A chuva da noite traz mistérios em seus cabelos. A chuva da noite cala os apelos e insultos e nos deixa a pelo com nossas emoções. A chuva da noite é canção de ninar no ouvidos mais adultos. A chuva da noite fala coisas que o céu estrelado não é capaz de dizer. A chuva da noite enfeitiça, reboliça, viça. A chuva da noite dança de pés descalços. A chuva da noite traz à cena colchas e cobertas. A chuva da noite deixa as ruas desertas. A chuva da noite é um cálice de bálsamo na medida mais certa.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar