Daniel Campos

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18/03/2008 - Dar o peixe ou ensinar a pescar?

Devemos dar o peixe ou ensinar a pescar? Sempre defendi que o Brasil não precisa de política de caridade ou de qualquer outra forma de assistencialismo barato. Mas de um projeto consciente e maior, que passe pela educação e pela garantia dos direitos de cada um. Abomino essa politicagem feita nas costas dos que tem fome, frio e outras necessidades elementares. Não carecemos desse marketing pessoal usado por muitas pessoas públicas, mas de uma ação de solidariedade. Solidariedade? O que é isso? É de comer ou de vestir? Aonde a gente compra isso? Se isso ai estiver na moda eu também quero... Aliás, quero logo duas unidades, uma de cada cor.

A solidariedade, como um legítimo fóssil pré-histórico, é um sentimento que está perdido entre o egoísmo e a correria do dia a dia. Há mais de dois mil anos, alguém ensinou-nos a repartir o pão, mostrando como devemos ser solidários aos mais fracos e oprimidos. Durante a história, por meio de lutas coletivas, muitos fizeram desse ensinamento uma razão de vida. Hoje, a humanidade voltou seus olhos para o próprio umbigo. O que se vê é uma grande massa a correr pela sobrevivência, como animais em uma selva de competição.

Para resgatarmos a solidariedade, devemos entender que ela não é apenas uma ajuda eventual a quem dela necessita, mas a construção, mesmo com nossas limitações, de um caminho para o desenvolvimento integral da humanidade. Mais do que distribuir bens, ser solidário é lutar em favor de uma ordem social mais justa. Mais do que colocar a mão no próprio bolso, praticar a solidariedade é ultrapassar barreiras, unir fronteiras, colocar os preconceitos no chão. Solidariedade não é um sentimento que pertence a essa ou aquela legenda partidária, mas uma forma de amor que pode e deve ser praticada por todos.

Diante disso, vem a velha pergunta: solidariedade é dar o peixe ou ensinar a pescar? Acertou quem respondeu as duas coisas. Ao mesmo tempo em que devemos dar oportunidade a quem não necessita, criando condições de se diminuir o imenso abismo social criado ao longo da história, nós devemos entregar a pesca. Afinal, muitos, por mais que queiram, não tem força suficiente para segurar a vara, tampouco para puxar o próprio peixe. Pense nisso!


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