Daniel Campos

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24/06/2008 - E a minha poesia subiu o morro

"Daniel,

Em nome da nossa Estação Primeira de Mangueira, escrevo muito agradecido pela sua crônica em homenagem ao Jamelão ('O samba e o choro', publicada neste espaço no dia 18 de junho).
Passá-la-ei para os seus familiares.

Atenciosamente,

Guerra Peixe
Vice-Presidente Cultural da Mangueira".


E não é que minha poesia subiu o morro. Foi com muita emoção que recebi o email do vice-presidente Cultural da Mangueira, o historiador Guerra Peixe, sobrinho do famoso maestro. Ao homenagear o mestre Jamelão, que faleceu no último dia 14, minha poesia deixou os horizontes deste site e foi voar mais longe. Trajando terno branco e chapéu de palha, meus sentimentos subiram o morro da mais querida das escolas carnavalescas do país e, quiçá, do mundo.

Com todo respeito ao luto pela morte de Jamelão, minha poesia ganhou batida de surdo, sambou na quadra e pediu licença a porta-bandeira para se apresentar à derradeira Estação. Minha poesia andou descalça por aquela terra sagrada onde já pisaram Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Nelson Sargento, Dona Zica, Dona Neuma, Chico Buarque, Tom Jobim... Minha poesia se alastrou por uma gente simples, mas de sorriso franco e aberto que sabe viver como ninguém. Minha poesia chorou nos olhos da viúva de Jamelão e ecoou pelos tamborins e pelo passado de glória da escola que há mais de oitenta anos colore de verde-e-rosa a música brasileira.

Arteira como ela só, minha poesia saiu das barras da minha calça e foi longe. Ela que já havia caminhado por tantos olhares, agora subiu o morro mais famoso e melódico deste planeta. Se não bastasse essa andança, a convite do vice-presidente Cultural da escola, vai ser publicada na revista "A Voz do Morro"... Muito me honra saber que um texto meu sobre aquele que por muitos anos foi a própria voz do morro caiu na nata do samba... Como diz o samba-enredo da Mangueira de 1994, a minha poesia, definitivamente, foi atrás da verde-e-rosa. "Me leva que eu vou/ Sonho meu/ Atrás da verde-e-rosa/ só não vai quem já morreu"...


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