Daniel Campos

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15/04/2011 - Janelas abertas à chuva

De repente, um anjo distraído tropeça e derrama uma lata de nanquim pretejando as nuvens, que, na tentativa de expelir a tinta que as deixa pesadas (gordas), choram. Guardiões da ordem celestial lançam raios na tentativa de iluminar aquela escuridão e castigar quem provocou aquela confusão. O anjo tenta se esconder a todo custo, arrasta móveis para lá e para cá, bate portas e portões... Trovões. O choro aumenta, a chuva aumenta. O vento é convocado para limpar aquela lambança. O choro caído, sentido, colorido, quando carregado pelo vento ganha direções e nações.

Seja qual for à história da chuva, ela avança num vento molhado sobre a minha janela, molhando o que, a princípio, não era para molhar. Enquanto muitos se desesperam e saem fechando e trancando e secando tudo eu, poeta da chuva, faço vista grossa. Que mal há naquelas águas perfumadas molharem um pouco dos tapetes, das poltronas, das roupas, dos livros, dos quadros, das louças, (...), dos olhos dos moços, das bocas das moças... Mais do que estragar, aqueles borrifos servem para encantar o ambiente, fazendo germinar ali sementes escondidas, perdidas...


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