Daniel Campos

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28/07/2009 - Magyarország

Havia uma mola de 12cm e 800 gramas no meio do caminho de Felipe Massa, que caminhava ligeiro, a 280 quilômetros por hora, pelas planícies húngaras. A mola, ao contrário da pedra de Drummond, não estava parada, estática, tampouco petrificada no meio do caminho. Ela voava como um pássaro metalizado. O problema é que voava na direção contrária do piloto. O encontro, no script da fatalidade, era inevitável. Das pistas para um hospital militar na Hungria. Do circuito de Hungaroring para Budapeste. Do nervoso motor italiano para os potentes aparelhos da UTI.

Não é à toa que Chico Buarque se encantou com a língua húngara ao ponto de se inspirar para escrever um romance. Os húngaros dizem que o piloto corre risco de morte. Os brasileiros dizem que o piloto está bem, em franca recuperação. Não dá para entender. Mas como entender, se os brasileiros dizem Hungria e os húngaros, Magyaroszág. Hoje, a língua é escrita no alfabeto romano. Mas durante muitos séculos foi escrita com um alfabeto rúnico. Uai, runa não é coisa de feiticeira? Pois a magia hungara vai além da língua.

A língua húngara pertence ao ramo úgrico da família das línguas urálicas. Vem dos Montes Urais, das tribos magiares. E Massa nasceu por entre os sotaques paulistanos. Já a tal mola nasceu em uma oficina inglesa sob o comando de um chefe francês. Diante dessa confusão, o melhor é comprar uma pipoca e ir ao cinema assistir a adaptação do romance Budapeste, escrito originalmente em portugues, para as telonas. Quem sabe no escurinho do cinema eu consiga entender o nó que ata e desata essa questão linguística.


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