Daniel Campos

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19/07/2011 - Majestade sertaneja

Mais do um só rei, no singular, Sérgio Reis. O cantor, que toca suas canções com voz suave, transfigura-se como o divino espírito do sertão. Sérgio é grande em corpo e alma. Dá pra imaginar o tamanho do coração estradeiro que traz guardado dentro do peito. O coração de um menino, menino da porteira. O cantor-boiadeiro que é afinado até ao tocar berrante e que não se separa do chapéu é feito de estradas, poeira, ventos, boiadas, chuva, sementes, cancelas, violas...

Canta fácil. Seu cantar é como animal cavalgando solto pelo pasto, como curió riscando céu, como água correndo rio abaixo. Sérgio, mesmo exibindo vastas e profundas raízes, é a personificação da natureza em movimento. É a essência mais pura do sentimento caipira. É a viola e a sanfona nos convidando ao arrasta-pé. Ao ouvi-lo surge uma vontade de botar o pé na terra, de pegar fruta no pé, de deitar à sombra de uma árvore, de pegar o trem do pantanal...

Sérgio Reis consegue aflorar o espírito brejeiro que adormece sobre nosso asfalto. Traz de volta uma sensação de paz, de um tempo de inocência, de boas lembranças, de retalhos de amores. Quanto mais os anos passam mais leve fica o seu cantar. Tenho a impressão de que qualquer dia ele vai sair do palco flutuando feito uma lua sertaneja daquelas bem vermelhas. Então, os seresteiros vão se perguntar: será que aquilo lá no céu é uma lua ou uma viola iluminada?


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