Daniel Campos

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13/08/2010 - Mangueiras em flor

Pelas ruas e quintais, as mangueiras estão todas vestidas de noiva. Desde as mais novas às centenárias, desde as grandes e frondosas às mirradas, todas querem se casar. A folhagem verde fica em segundo plano. Em cada galha, buquês e mais buquês de flores pequeninas num amarelo que tende ao branco. São mangas esperando que o vento, as abelhas ou marimbondos fecundem suas flores. E pelo ar se espalha um clima de flores de manga maduras.

E eu sou aquele menino que flerta com aquelas noivas à espera do fruto. Um fruto de lambuzar a boca. Um fruto que atenta. Um fruto que seduz. Um fruto que provoca. O perfume das mangas. A forma das mangas. O suco das mangas. A maciez das mangas. O sabor e os sabores das mangas. O doce e o sal, o glamour e a simplicidade, o calor e o arrepio na mesma fruta. A fruta que é o parto daquelas noivas floridas.

E eu sou aquele menino que tatua corações nos troncos dos pés de manga enquanto espera pela mulher que traz em suas mãos um buquê de noiva com flores de mangueira. Ela surge numa estrada rodeada de mangiferas nativas e caminha sobre um tapete de folhas caídas daquelas árvores. Ela vem com olhos índicos e lábios tropicais, entre o amarelo, o rosa e o vermelho. Ela vem inocente e provocante, como a manga ainda não nascida.


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