Daniel Campos

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25/03/2008 - O amor não pode ser reduzido a um arroto

De que adianta haver gritos de tantos doentes sem cura, sinais explícitos de um planeta a ser salvo, crianças caminhando para um futuro incerto se os cientistas dedicam seu tempo para ficar implicando com sentimentos que estão acima do explicável. Ah! Se eles ainda se dedicassem a descobrir uma fórmula que fizesse a humanidade se amar mais, mas, no mais, eles só criticam os apaixonados. Principalmente, os apaixonados demais. Pudera... O que esperar dos que acreditam que a razão supera a emoção, que os sentimentos são meras células nervosas e que o coração é apenas um músculo mecânico e substituível.

Depois de investigar o cérebro humano, cientistas espanhóis afirmaram que as pessoas apaixonadas perdem a capacidade de criticar seus parceiros, ou seja, de enxergarem seus defeitos. Segundo os estudos, zonas do cérebro são ativadas e desativadas coordenando a cegueira do amor. Eles chegam a afirmar que o amor se resume a uma dependência química entre duas pessoas. E as alterações químicas, em suas fusões e fissões, provocam a atração física, o apego e o afeto. Se não bastasse toda essa insensatez, ousaram afirmar que a fidelidade é uma mera questão genética, assim como acontece com os ratos da montanha.

Ora, ora... Os cientistas devem estar com muito tempo vago. Que morram os africanos com Aids! Que o câncer devore meio mundo! Que o efeito estufa nos asfixie! Que o planeta decrete falência múltipla de seus órgãos! Que as crianças desapareçam antes mesmo de crescerem. O que interessa é gastar rios de dinheiro para tentar associar o amor como produto de uma simples reação química, tal e qual um arroto. Romântica essa teoria, não?!

Se depender desses homens da ciência, ao contrário de fazerem amor, os casais vão passar a reagir entre si, como dois elementos químicos. Daqui a pouco vão querer emplacar como verdade que o "eu te amo" é algo do tipo: dois átomos de Hidrogênio mais três átomos de Oxigênio mais um átomo de Hipoclorito de Sódio mais...

Se eu ouvisse os cientistas, queimaria todos os meus livros de Neruda, Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa; quebraria todos os meus discos de Jobim a Roberto Carlos, passando por Chico Buarque; não iria ao cinema, tampouco escreveria mais uma linha ou verso sequer. De fato, cientistas como esses só podem ser poetas frustrados. Afinal, eu acredito que o amor é poesia, eles, um simples arroto.


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