Daniel Campos

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28/06/2008 - O beijo na boca de um robô

Você já deve ter ouvido a "pare o mundo porque eu quero descer" da boca de uma pessoa desesperada ou, no mínimo, não conformada com os rumos de alguma coisa. Pois bem, se alguém fizer o favor de parar essa nave sideral chamada Terra, eu desço. Mas tem que ser logo. Quero descer antes que a poesia do beijo seja extinta.

Não é de hoje que a ciência tenta desbancar o amor e o universo que o cerca com teorias baratas. Dia após dia, surgem manchetes na mídia tentando atrelar o sentimento máximo da espécie humana a uma simples e previsível reação química. Num futuro breve vão anunciar que o amor pode ser criado em laboratório!

Apimentando essa banalização do amor, a novidade é um robô, da marca japonesa Sega, que dá beijos e caminha como uma mulher. O nome dessa máquina, de 38 centímetros de altura, é E.M.A (Eternal, Maiden, Actualization). Ou seja, nem no nome ele consegue ter o mínimo de poesia de uma mulher. A empresa que o criou diz que ele tem um corpo glamoroso. Eu diria que é o artificial do artificial, tão musculoso e desproporcional quanto os heróis dos desenhos japoneses. Por mais absurdo que pareça, os proprietários dessa máquina dizem que ele é carinhoso e será a nova sensação mundial...

O robô, que tenta ser tão ou mais interativo que um ser humano, é capaz de entregar cartões de visita, cantar, dançar, caminhar e, sempre que alguém aproxima a cabeça, de retribuir o gesto com um beijo. Eca! Beijo de robô. Ah de ser um beijo frio, monótono e com gosto de óleo. Que poesia pode haver na boca de um andróide?

A pior parte dessa história não é a tentativa de uma empresa em substituir o encanto de um beijo, mas a fila de candidatos que esperam ansiosos para comprar o seu robô que sairá por 175 dólares. Será lançado no final de setembro, no Japão, e já se especula que as dez mil primeiras unidades serão disputadas a tapa. Antes que seja tarde, pare o mundo que eu quero descer...


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