Daniel Campos

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14/08/2016 - O menino que não cresceu

Meu pai não é super-herói, nem dado a heroísmos. Meu pai não é de aventuras, de atos de deixar qualquer um boquiaberto, de ter história de filme. Meu pai não é jogador de futebol, cantor ou lutador. Meu pai não é olímpico. Meu pai não tem fortuna, não dirige carro importado, não aparece na televisão. Meu pai não faz mágica, não conta história, não bate recordes. Meu pai não sonha alto, não aposta tudo, não joga tudo para o alto.

Meu pai não é perfeito, mas qual pai é modelo de perfeição? Meu pai tem seus medos, suas fraquezas, seus dramas demonstrando o que é o ser humano. Meu pai toma remédio, tem insônia e nervos à flor da pele como qualquer um que está sujeito às responsabilidades da vida. Meu pai se preocupa, se preocupa mais um pouco e se preocupa ainda mais. Meu pai, como todo pai, acha que os filhos não crescem, que continuam sempre meninos.

Meu pai, na ânsia de sobreviver, foi se deixando pelo caminho, esquecendo de viver como podia e devia viver. Meu pai ainda tem muitas coisas boas com ele, coisas que valem a pena descobrir em seus labirintos. Meu pai é pique-esconde, é pelada, é jogo de pião... É, no fundo no fundo, o menino sufocado pelo adulto, o menino escondido do mundo, o menino “proibido” de viver depois dos sessenta... O meu pai é o menino que não cresceu que ele vê em mim.


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