Daniel Campos

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30/10/2009 - Outubro rosa

Alguns meses têm cores próprias. Dezembro, incorporando o Natal, combina verde e vermelho. Janeiro veste branco, como as oferendas de Iemanjá e as promessas de paz. Julho é acinzentado por conta do inverno e setembro, colorido por conta da primavera. Já outubro é rosa. Rosa? Neste mês que está prestes a se esvair pelos meandros de novembro o Cristo Redentor e as famosas lojas paulistas da Oscar Freire foram iluminadas de rosa. Aliás, monumentos foram iluminados de rosa em várias partes do mundo.

Em Seul, centenas de sombrinhas e balões cor-de-rosa ganharam os céus. A Casa Branca norte-americana poderia ser confundida com a Casa Rosa argentina. Esculturas mitológicas foram customizadas com o rosa em Madri. Será esses eventos representam a oficialização de outubro como mês do amor? De certa forma, sim. Amor às mulheres. Para além da beleza dos cenários tingidos de rosa, surge a mensagem de que é preciso combater o câncer de mama, um dos principais causadores de morte entre as mulheres.

Tanto rosa quanto seios são vistos como símbolos de feminilidade. Ambos relacionam a mulher como fonte de vida, romantismo, alimento, ternura, prazer e aconchego. As harpias, na mitologia grega, eram aves de rapina com seios de mulher. As mulheres gaulesas costumavam ir aos campos de batalha exibir os seios nus aos seus guerreiros para lhes transmitir força e confiança nas batalhas contra o império Romano. Isso sem falar das representações da Virgem Maria vestindo um véu rosa enquanto amamentava o filho de Deus.

Que o mês de outubro possa nos fazer lembrar uma lenda milenar segundo o qual o mundo teria nascido de uma gota de leite vertida do seio de uma deusa. Que o mês de outubro nos faça lembrar das mitológicas Amazonas que eram obrigadas a amputar um dos seios para manejar melhor o arco e flecha. Que o mês de outubro nos faça lembrar dos martírios de Santa Águeda, Santa Bárbara, Santa Eulália e Santa Cristina que foram torturadas com a amputação dos seios.

Que o mês de outubro gere uma epidemia rosa, roseando todas as lutas de amor ao bem-viver das mulheres.


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