Daniel Campos

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20/06/2014 - Parto de canção

Meus dedos correndo as cordas do violão tentando fazer canções para serem ouvidas a léguas de mim. Tudo o que eu canto é silêncio. O tempo pode fazer seus falsetes, mas jamais desafina. Há sempre um acorde a ser buscado, a ser tentando, a ser provocado... e, quiçá, inventado pra melodia sobreviver. A batida do meu violão tem um quê de fantasia que dá luz a minha imaginação. E eu como menino malino imagino, imagino, imagino enquanto notas e palavras vão se casando pelo violão que se confunde com meu braço. Compor é um vício, tenho lá meus artifícios, mas no final quem manda é a magia, afinal, eu fico nu como minha poesia entregue à inspiração. E são beijos de bossa, são desejos de jazz, são ensejos de frevo num corpo mulher. A lua sopra, a demônia vira brisa, e tudo vibra no aço das cordas enquanto o sentimento derrama das minhas bordas. E vem a loucura de enxergar cinematograficamente, cena a cena, texto e música numa só partitura. E a certa altura, o peito enverga, o olhar navega e a canção não é mais minha, mas do ar que a carrega.


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