Daniel Campos

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04/05/2013 - Sapo, sapo

Nunca fui amante de estádios de futebol, que também nunca foi meu esporte favorito. Pelos vãos da minha memória, ecos de uma torcida vestida de vermelho e branco gritando “sapo, sapo”, em incentivo ao time do Mogi-Mirim, que leva o mesmo nome da minha cidade natal. Por entre esses gritos, surge a imagem de meu pai sentado nas arquibancadas de madeira que viraram de concreto com o passar dos anos ou em pé junto ao alambrado, em uma das laterais do campo ou no fundo de algum dos gols. Independentemente do lugar, lá estava ele com os olhos dentro de campo e o ouvido colado em um radinho de pilha, acompanhando a partida. Na maioria das vezes, sozinho no meio da multidão ou de alguns gatos pingados, conforme a campanha do time. As lentes daqueles óculos já testemunharam gols de tirar o fôlego, passes mágicos, lances maiores que o tempo.

O estádio, que fica ao lado da escola pública que estudei grande parte do ensino fundamental e todo o ensino médio, foi palco para meu pai assistir a atuação de grandes nomes do futebol. E agora, o fã de Pelé, vai poder ver de perto o menino Neymar desfilando por aquele gramado que já foi considerado o melhor tapete do Brasil. Santos e Mogi duelam por uma vaga na final do Campeonato Paulista. Independentemente do resultado, seu Antônio Carlos vai deixar o estádio feliz da vida. Afinal, por mais uma vez o menino que driblava deus e o mundo nos campos de terra batida vai renascer com força. O jogador que teve talento suficiente para pisar aqueles gramados, mas que a vida levou por outros caminhos vai fazer uma viagem pela sua história ao som de um coro formado por milhares de vozes gritando “sapo, sapo”.


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