Daniel Campos

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07/05/2011 - A ausência das estrelas cadentes

Por onde caem as estrelas cadentes que ninguém mais vê? Corpos celestes em plena e total queda livre, desafiando a lei da gravidade. Estrelas ausentes que deixam saudades no céu e nos olhos que acompanham sua trajetória oblíqua. Por onde caem as estrelas que roubavam o protagonismo da luta, que embaralhavam os olhares dos casais apaixonados, que recebiam pedidos das mais diversas ordens?

Estrelas que deixavam um traço entre o prateado e o dourado no céu. Estrelas de cortes flamejantes, que deslizavam rasgando a pele negra do universo. Estrelas que pintavam o infinito de amarelo-laranja-violeta. Estrelas que morrem por uma causa, por um capricho, por um prazer. Se considerarmos que essa atitude de cair se assemelha a um suicídio poderia afirmar que as estrelas estão mais felizes, sem motivo para a queda.

Mas não consigo me convencer dessa felicidade diante de um céu que chora serenamente gotículas de um sereno doído. Sinto falta das estrelas nômades, viajantes, amantes. Estrelas que se atiravam e, que se lançavam e que se jogavam ao desconhecido em feitio de mulher apaixonada. As paixões devem estar em baixa porque as estrelas cadentes sumiram da paisagem noturna que me rodeia.

Será que não mais caem ou o fazem longe dos meus olhos pedintes?


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