Daniel Campos

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02/12/2013 - A Bahia me chamou

A Bahia me procurou, me ligou, me chamou para viver mais ela, num cenário de novela. Viver com muita pimenta e dendê, meu deus o que eu vou fazer se é lá que eu quero morrer? Pra que lado fica o caminho do pelourinho? Que as águas mornas da Bahia, carregadas de sal, curem as feridas da fantasia. Que tudo seja um recomeço e que a dor do “não” não encontre meu endereço. O mundo de cá não cabe no mundo de lá. Então, é preciso coragem para se deixar. Há sempre um amor para carregar e outro para abandonar num bom lugar, saravá!

Em São Salvador tem sempre um encanto para girar, uma razão para se encantar, um novo jeito de gostar. Que algum orixá me ensine a parar de doer e ser só amor. Que as fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim se arrebentem de uma vez, realizando pedidos que são sonhos já dados como esquecidos. E que as ondas quebrando em mim, quebrem assim todo mal que causei. Que pelo menos um dos santos da Baía de todos os Santos cuide de todos os detalhes da minha despedida. Que eu não deixe lembranças, apenas a esperança de uma nova vida.

A Bahia me procurou, me ligou, me chamou para viver mais ela, numa eterna aquarela. Para longe do destino que nos poda, haverá sempre uma forma de fazer ou de viver samba de roda. E a minha poesia há de se requebrar segurando a saia tentando ser forte como o povo do norte. Não há razão para se preocupar com a profundidade do corte, a saudade foi feita para subir e descer ladeiras, de segunda a segunda-feira. E que o poetinha de Itapoã, seu Vinícius de Moraes, possa abençoar a cada manhã os poemas de alguém que só quer viver o amor em paz.


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