Daniel Campos

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03/05/2012 - A canção de Nana não pode acabar

Nana decidir parar de cantar é como o sol resolver deixar de amanhecer, é como a primavera se entregar ao inverno perpétuo, é como o barco desistir do mar.

A filha de Dorival Caymmi e Stella Maris não pode se despedir dos palcos. Nana é a melodia original não corrompida pelo tempo. Nana é melodia com alta carga genética que deve seguir em permanente espetáculo.

Nana deve cada vez mais vista, ouvida, sentida, vivida em plenitude.

O fato de vivemos um período de antimúsica só reforça a necessidade de Nana continuar. A boa música não pode se silenciar, tampouco dizer adeus aos teatros.

Nana nasceu para o palco. Haverá sempre um piano, um violão para acompanhar sua voz. Um banquinho estará sempre à espera dela no centro do palco.

Haverá sempre uma multidão de mãos para aplaudir Nana a qualquer hora, em qualquer lugar. Aplaudir seu timbre único. Aplaudir sua dramaticidade. Aplaudir o lirismo e a delicadeza de uma era que não passa. Uma era repleta de cores e amores chamada Nana.

Nana é a canção confessional que nos vira pelo avesso. Nana é o show que não tem preço. Nana é a voz que não se esquece. É lenda, é acalanto, é chama que nos chama a queimar com ela e por ela.

O público não pode deixar Nana parar. Que sejam organizados atos, manifestações e greves de fome em prol da continuidade da carreira da filha da música.

Abandonar os palcos? Aposentar-se? Só louco para apoiar essa decisão. E olha que a saudade mata a gente, Nana. Sem poupar coração, continua Nana.

Que haja uma mudança dos ventos e que Nana volte atrás, ou melhor, que continue em frente em seus andores, isto é, em seus palcos.


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