Daniel Campos

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06/03/2013 - A dor da perfeição

O dia amanheceu sem manchas ou borrões. Pela imensidão do céu azul não se encontrava marca alguma de nascença. Um desses céus de novela, sem nuvem, sem névoa, sem sombra, sem cisco... Nada de moscas, gafanhotos ou outros insetos. Nem mesmo os pássaros se atreviam a voar naquele céu criado numa espécie de photoshop divino. Os olhos não conseguiam avistar nem mesmo balões coloridos ou aviões. Astronautas, pilotos e aventureiros ficaram de fora.

Um céu quieto, sem ruídos ou ópera. Um céu sem sinal de anjos ou deuses. Um céu vibrante, intenso e exuberante. Um céu para turista algum botar defeito. Um céu belo e doído em sua infinitude. A perfeição dói. Aquele céu plástico, corrido, sem pinceladas, causava um incomodo nos olhares. Difícil olhá-lo de forma aberta, sem piscar ou chorar. Impossível explorar as belezas e mistérios desse céu que nos apequena em nossos defeitos.



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