Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
19/06/2010 - A era da fragilidade

Das relações econômicas às amorosas, vivemos a era da fragilidade. Tudo se quebra e se rompe e se desmancha com extrema facilidade. Contratos e beijos são voláteis. Hoje são e amanhã já não estão. Os índices das bolsas e o grau dos sentimentos se alteram numa velocidade absurda. Nunca se observou tantos corações partidos. Os divórcios batem recordes. Palavras dadas, declaradas, juradas somem no ar evaporando como fumaça. O duradouro é um tesouro raríssimo de ser encontrado e, conseqüentemente, roubado.

Definitivamente, tudo é frágil como o estereótipo da mulher amada. O humor dessa criatura é instável, sua presença é efêmera e seu corpo está sempre no limite do real e do possível. A mulher amada é uma obra em constante construção. Muda, por dentro e por fora, a cada novo segundo. Difícil compreendê-la. Os olhos da mulher amada são espelhos de sua mutação. Estão sempre aqui e ali ao mesmo tempo, pertos e dispersos, numa sucessão de expressões e cores.

Os psicólogos nunca faturaram tanto. Há algo mais frágil nos dias de hoje do que o romantismo? Nada esta a salvo na era da fragilidade. Dos pensamentos aos gestos, tudo nos leva à insegurança. O frágil traz o medo, a falta de compromisso e o desejo de colo. O frágil é o que ainda não se construiu e o que já tem forma. O frágil é o ingrediente do insucesso. Isso explica um pouco essa sociedade às avessas e incompleta. Eis a era da fragilidade, época ideal para alimentar a saudade.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar