Daniel Campos

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09/09/2008 - A guerra é genética

A palavra paz cai muito bem em livros históricos e religiosos. Porém, quando o assunto é vida real ela se torna abstrata como uma montanha de sorvete de passas ao rum no meio do deserto do Saara. Aqui e lá, ali e acolá, a espécie homo sapiens está sempre inventando um jeito de desestruturar o já tão desestruturado estado de paz vigente no mundo. Seja nos relacionamentos de casal ou, de família ou, de vizinhos ou, de estados ou de países há sempre uma pré-intenção de briga. Ao contrário do barro, somos feito de pólvora e adoramos riscar um fósforo no pavio alheio.

Que o diga os georgianos que, da noite para o dia, ganharam a companhia nada amigável dos canhões russos. Espremida entre a Europa e a Ásia, a Geórgia se vê diante da investida do urso russo que ainda sonha em abraçar o mundo. No entanto, a culpa não é da Rússia, que só faz dar prosseguimento ao código genético da espécie humana entrelaçando a Guerra entre a Citosina e a Adenina. Seja nos campos georgianos ou, nos estados olímpicos ou, nas bolsas de valores ou nas campanhas políticas, o sentimento de guerra é uníssono.

Por mais controverso que pareça, a guerra tem fórum privilegiado em nossas vidas. A paz só tem sentido enquanto desejo, enquanto busca, enquanto abstração. A partir do momento que se torna real, a paz nega a natureza transgênica humana. As crianças georgianas estão apenas assistindo do lado de fora da janela o que já viam na televisão, o que já liam nos livros, o que já aprendiam na escola - a guerra e seus desdobramentos. Portanto, não se assuste ao encontrar um vicking ou, um gladiador ou um terrorista no lugar de seu rosto no fundo do espelho. Se ainda não notou nada de diferente em seu reflexo é bom tomar cuidado. Afinal, a guerra não costuma ficar adormecida por muito tempo.


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