Daniel Campos

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10/02/2016 - A moça da maré

A moça chegou cruzando pernas causando barulho de quem derruba toda a louça. Chamou a atenção, olhares e agitação. Provocou inveja, raiva e a imaginação. As pernas da moça como dois veleiros cruzando seus ventos num mar manso e traiçoeiro ao mesmo instante. E os beberrões foram bebendo por aquelas pernas, fazendo delas suas tabernas. E os ingênuos foram descobrindo formas pela arquitetura das pernas como se fossem gênios. Es os incrédulos com seus mundos pequenos encontraram credos profundos beirando à loucura. E o céu ficou pequeno para aquelas pernas de siri, de garça, de cegonha, que se recolhe, se encolhe e se esgarça cheia de graça. E nessa movimentação, a maré enche e vaza, as ondas se agigantam, os mares da solidão cantam, e a imensidão extravasa.


Comentários

14/02/2016, por Luisa Mendes:

Que lindo!


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