Daniel Campos

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05/03/2016 - A mula que leva o tempo

A mula que leva o tempo em seus jacás nunca empaca. Ela vem com um passo firme e passa por onde nem imaginamos ser possível chegar. A mula ataca ribanceiras, ladeiras, precipícios, indícios de impossibilidade, de irredutibilidade e de irresponsabilidade. Atente ao que faz com o seu tempo. Tente viver entre o amanhã e a saudade de um jeito totalmente diferente. Avance e não canse com as pedras. A mula que leva o tempo em seus jacás há de seguir independentemente das tormentas, do que venta, cai e troveja. Veja que a direção aponta para frente. Toda semente jogada na terra um dia há de brotar. E quando esse dia raiar sementerá um novo velho sempre tempo. O tempo que está em todo lugar, no alto céu, no fundo mar, nos jacás da mula que o leva, no magnífico ventre da semente que rasga, parte, escapole da casca dura como uma dura certeza – de que o tempo virá em completa beleza e que ninguém o segura porque o tempo é correnteza que tudo carrega e ninguém sossega.


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