Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
27/01/2017 - A porta que importa

Volta e meia alguém me pergunta: devo lutar por quem amo? A minha resposta é sempre a seguinte: sim, mas lute até o necessário. Ah?! Quanto é esse necessário? Essa medida está na consciência de cada um. Eu mesmo já passei do ponto nessas lutas por amores não correspondidos e só me prejudiquei. Por muitas vezes, ignorei minha intuição, insisti além da conta, perdi muito e por muito pouco não morri. Se você cozinha demais o brigadeiro vai queimar ou açucarar. Portanto, tudo tem o seu ponto, isto é, a hora certa de parar.

Ainda falando de amor, encaremos as pessoas como portas. Em muitos casos, você se aproxima de uma porta e ela magicamente se abre. A mágica está no seu padrão vibracional, que é a sua chave mestra. Por meio dela você abre determinadas portas, no caso, corações, e os relacionamentos fluem. Em outras situações, essas portas não abrem por mais esforço que você faça. Mas, você não desiste, pois algo te diz equivocadamente que aquela é a única porta que te conduzirá à felicidade...

Então, começa uma luta desenfreada para conseguir ter acesso ao que existe para além daquela porta. E você empenha de todas as suas forças, dispensando uma grande quantidade de energia. Não importa o preço que você vai ter que pagar, você quer a porta aberta. Com o insucesso, você fica mal, chora, se desespera, se culpa, acha que não está fazendo o suficiente, então, começa a produzir vibrações negativas. Pior, se alimenta da mesma negatividade que gera, num circuito fechado de energias.

Agora, eu pergunto: vale à pena ficar mal com você mesmo por conta de um amor não correspondido? A certa altura dessa luta, sua intuição lhe diz, e até grita, que é hora de desistir, pois esse esforço todo não compensa, mas seu orgulho, sua ignorância, sua falta de amor próprio manda você continuar. E é claro que você continua.

E daí vem mais desgastes, mais torturas, mais perturbações. Você se esquece de todas as outras portas que estão em seu caminho, algumas até já abertas para você, pois está obcecado por uma porta trancada. Uma porta que te consome por completo. Imagine quantas possibilidades você perdeu tentando abrir algo que não é para você.

Pense, se a porta for para você, o universo fará de tudo para que ela se abra e você tenha acesso a tudo o que existe a partir dela. Não precisa se desgastar, brigar com o mundo e com si mesmo, a porta se abrirá naturalmente ou com uma quantidade necessária de esforço. Pois algumas portas carecem de ser conquistadas. Mas essa conquista é saudável, salutar para nosso crescimento físico, emocional, mental, espiritual.

Por isso eu aconselho: lute até o necessário. Esse necessário é a quantia exata de energia que deve ser empenhada para que uma determinada porta se abra. Afinal, tudo é troca. Precisamos dar de nós para receber do outro, mas nem sempre essa conta é exata. O universo administra essas operações. E essa matemática jamais pode causar danos ao nosso corpo, a nossa vida. Por isso, fique atento ao ponto das coisas. Se for para ser, será. E se não for, não adianta insistir, emburrar, declarar guerra contra si ou contra o mundo.

O universo conflui para nossa felicidade, o problema é que nós damos sempre um jeito de atrapalhar o fluxo dos acontecimentos, querendo justamente o que não nos fará felizes. O resultado dessa teimosia, dessa incompreensão, dessa negação da consciência: prejuízos, atrasos, insatisfações, tristezas, doenças...

Você insiste tanto na bendita porta trancada que depois de quase morrer por ela, finalmente ela cede e se abre. E então você se sente vitorioso, mas essa vitória é falsa, ilusória. Assim que entra por essa porta descobre que não é nada daquilo que pensou, imaginou, sonhou. Descobre da pior maneira possível, à base de decepções, que aquela porta que roubou tanto do seu tempo, da sua energia, da sua saúde realmente não era pra você.

Em outros casos, você consegue com muito custo abrir uma frestinha da porta e passa a viver do que aquela brecha lhe oferece. Você se apaixona por uma pessoa, luta desesperadamente por ela, e ela te entrega migalhas. E pior, você se contenta com esse pouco e se acomoda, deixando de buscar pessoas que teriam muito mais a contribuir em forma de amor. Portanto, devemos tomar muito cuidado com nossa insistência, com nossa falta de noção aceca do necessário que devemos buscar e empenhar ao longo da nossa caminhada.

Então, não adianta forçarmos a abertura de uma determinada porta, tampouco arrombá-la. É preciso lutar pelo que queremos, mas respeitando o ponto das coisas. Quando essa luta se torna absurda é porque tem algo de errado. Não é certo se exaurir, sofrer, ficar doente e/ou abrir mão de pessoas e situações importantes para você na tentativa de transformar um amor não correspondido em correspondido, ou um amor pela metade em um amor inteiro, ou ainda um amor distante em um amor próximo.

Tenha a certeza de que quando é para ser, tudo converge para isso. Basta você dar o primeiro passo na direção correta e tudo começa a se encaixar, realizar, fazer sentido. É necessário sim lutar pelo que se quer, mas até certo ponto. Como dito, há portas que foram feitas para você e portas que precisam ficar fechadas para o seu próprio bem. A sabedoria está justamente em entender que nem todas as portas que estão em nosso caminho vão, devem ou podem ser abertas para nós.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar