Daniel Campos

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09/05/2015 - Abelha das uvas

As mãos tingidas bolinando pelos parreirais. A pele branca, da menina em feitio de santa, manchada de bordo. Nas pernas de lua, nas costas de algodão, nos lábios de cera, o tinto escorrendo doce. Brindes ao aroma cítrico e adocicado se fundindo pelas dobras frutadas que vão se abrindo pelo relevo de um beijo. Os parreirais constroem e descontroem e reconstroem casais. Os pés angelicais pisando as uvas, tirando o sangue das cascas turvas. O corpo da mulher-tinta se oferecendo à boca alheia como um cálice de vinho. Delicada e poderosa como as uvas que a enfeitam e deleitam ela vai embriagando os olhos que vão flertando com seus sabores oculares, olfativos, táteis... Parte dos parreirais, folha e fruto se cobrindo e se despindo dos sulcos e sucos das uvas que são verdes, rosas, roxas, vermelhas como sua pele camaleoa que vai sem véu brilhando ao sol e às estrelas como abelha que faz do vinho seu mel.


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