Daniel Campos

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09/03/2010 - As mulheres de hoje e sempre

Ontem as mulheres receberam carícias dobradas, bombons recheados, flores e outros mimos. Ontem as mulheres receberam discursos, sessões legislativas, inaugurações e outras menções não menos honrosas. Ontem as mulheres receberam espaço redimensionado na televisão, na rádio, na internet, nas páginas dos jornais. Ontem as mulheres receberam promessas e outras peças publicitárias das mais variadas bocas e mãos. Ontem as mulheres receberam elogios e rios de gentilezas...

Hoje, passado o dia oficial delas, tudo volta ao normal e, sendo assim, ao contrário de ganhar, perdem; ao contrário de receber, dão; ao contrário dos aplausos, o silêncio cúmplice do descaso. Hoje são pouquíssimos os que escutam o grito de uma infinidade de mulheres sendo violentadas, física e moralmente, em seu direito de ser mulher. Hoje são raríssimos os que compram alguma briga em defesa de mães, filhas, esposas, amantes com o mesmo empenho de ontem...

Nessa terra sem memória muitos já se esqueceram do dia de ontem. Depois do comércio em torno da data festiva, a realidade volta a ser absoluta. Fechem as cortinas. O espetáculo já passou. Agora, podem voltar à cena as mulheres destratadas, as mulheres espancadas, as mulheres desprezadas, as mulheres que não recebem nada de graça, as mulheres que lutam para conseguir seus milagres, enfim, as mulheres de hoje e sempre...


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