Daniel Campos

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10/05/2016 - Borrifando teu perfume

Borrifo o teu perfume como que tentando trazer de volta o teu corpo-de-cheiro, flor e pimenta num mesmo tempero. Borrifo sua essência e posso, como que magicamente falando, sentir novamente a sua doce e marcante presença. E pela junção das gotículas do seu perfume, vejo sem susto o seu vulto, seus contornos e entornos, sua silhueta se formando e se perdendo na penumbra de nós dois, sem antes nem depois. E essa espécie de holograma floral, cítrico, sensual que é você, ou parte de você, vai pela minha cama. Ó dama de notas zodiacais, tanto tempo faz e seu perfume ainda atiça o meu ciúme. Por onde anda você? Quem agora é dono dos seus cheiros? Quem se aventura pelo seu frasco inteiro? Quem se inebria nos seus buquês, nos seus quês de poesia, nas suas loucuras, no seu ardume? Porque me deixaste conhecer o perfume da sua falta? Me mata de prazer, de querer, de sofrer na sua fragrância. Enquanto a distância me cega e a saudade me ensurdece, tirando-me equilíbrio e razão, vou, com toda ânsia de viver, de viver-te, borrifando o teu perfume pelos meus sóis e luas, pelos meus lençóis, pelo meu corpo só. Sábio ou não, vou pela fantasia e novamente meus lábios vão tatuando na sua pele macia e perfumada o quanto continua amada.


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