Daniel Campos

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28/07/2010 - De detalhe em detalhe, a mulher amada

A mulher amada é repleta de detalhes. Ouso dizer que é feita de detalhe em detalhe. É o conjunto de detalhes que se dispõe ao longo das curvas femininas que suaviza sua alma, que é concreta e rígida. Seja em suas flores delgadas ou em seus rococós, a mulher amada é minuciosa e densa como toda obra à procura da perfeição. Desbancando todos os argumentos, a mulher amada é de uma beleza irreal, daquelas que só se encontram nos planos mais elevados da imaginação.

E quem está de fora, observa cada detalhe da mulher amada como objeto de contemplação ou na tentativa de descobrir o fio da meada que revele o segredo que se esconde entre o corpo, a mente e a alma desta criatura. Seus olhos são vitrais, seus lábios molhados e secos no glamour dos afrescos. Cada detalhe é uma pista ou uma forma da mulher despistar aqueles que querem desvendá-la. Por isso, a mulher se escantilha em belas artes e se divide em muitas partes, num amor aos pedaços.

É de detalhe em detalhe que nos deparamos com vestígios da civilização clássica, com resquícios das fortalezas medievais e com a luz do art nouveau. Inspirada nas formas da natureza, a mulher amada deixa o seu estilo impregnado pelo ar como uma espécie de perfume. Embora avassaladora em seus propósitos, é de uma sutileza capaz de romantizar tudo e todos ao seu redor. Ao seu passar, prédios, ruas, jardins ganham um toque de arte.

Diante dela, é impossível dizer que se trata apenas de mais uma mulher.


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