Daniel Campos

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25/01/2011 - Dormenina

Dorme menina, dorme fingindo ser minha. Dorme em silêncio ou falando sozinha. Dorme como maranhão pedindo linha e mais linha ao vento. Dorme suspirando, sonhando com contos e fadas. Dorme escondendo os olhos. Dorme fugindo da verdade. Dorme diminuindo a saudade que há entre o real e o imaginário. Dorme nos braços de Maya, a deusa da ilusão. Dorme no peito de Morfeu, o anjo do sono. Dorme encolhida, despreocupada da vida, amada e decidida a acordar só depois das seis. Dorme agora inédita ou como da outra vez.

Como são belos os pés da menina que dorme. Juntos, num desenho simétrico, formam figuras que só o coração sabe explicar. A curvatura das pernas, a candura da pele, a ruptura da gravidade. O corpo inocente, sem maldade aparente, entregue a um sono frágil, delicado, quebrável como boneca de porcelana. E o que dizer do perfume de estrela que emana dos seus poros, das suas curvas, do seu umbigo. Oro à santidade do seu sono e ao mesmo tempo amaldiçôo o fato de não sonhares comigo por todo o sempre.

Dorme menina, como uva adormecida na vinha. Dorme menina voando nas asas de uma ave de rapina. Dorme menina à flor da alma feminina. Dorme menina numa poesia pequenina. Dorme menina aquietando instintos e desejos. Dorme menina deixando a boca à mercê de um beijo. Dorme menina ao som do realejo. Dorme menina tremendo e suando fantasias e pesadelos. Dorme menina com poetas fazendo carinho em seus cabelos. Dorme menina numa pintura romântica e erótica, com amantes a cultuando, a devorando, a montando em pelo.


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