Daniel Campos

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13/05/2013 - Dou graças aos pretos-velhos

Dou graças aos pretos velhos, das linhas e magias. Dou graças aos pretos velhos, dos conselhos acertados. Dou graças aos pretos velhos, que gostam de cachaça. Dou graças aos pretos velhos, povo humilde e sábio. Dou graças aos pretos velhos, que vem do Congo, de Guiné, de Bengala e de Angola. Dou graças aos pretos velhos, gente sofrida. Dou graças aos pretos velhos, dos terreiros e senzalas. Dou graças aos pretos velhos, do samba de roda.

Dou graças aos pretos velhos, das cachaças e cigarros de palha. Dou graças aos pretos velhos, das linhas, agulhas e retalhos brancos. Dou graças aos pretos velhos, almas benditas. Dou graças aos pretos velhos, que guiam seus filhos em qualquer caminho. Dou graças aos pretos velhos, experientes feiticeiros. Dou graças aos pretos velhos, das mãos calejadas e dos olhos mareados. Dou graças aos pretos velhos, das costas marcadas pela chibata.

Dou graças aos pretos velhos, do café preto, da farofa de linguiça, do amendoim. Dou graças aos pretos velhos, das baforadas e garrafadas. Dou graças aos pretos velhos, dos pés descalços. Dou graças aos pretos velhos, das frutas e flores do campo. Dou graças aos pretos velhos, dos passos miudinhos. Dou graças aos pretos velhos, das palavras singelas. Dou graças aos pretos velhos, que trabalham para suncê, porque são trabalhadô.


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