Daniel Campos

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13/11/2010 - Drama dama lama cama trama...

Pode me internar, pode me matar, pode me apedrejar, mas eu não vou deixar de lhe amar nem um átimo a menos. Já que não me quer mais, deixe-me pelo menos viver atrás do seu vulto de mulher, das sombras que me projetam entre o sol, que és, e as pétalas de não me quer. Não me quer mais como um dia já quis ou pensei ter quisto.

Ah! Mulher castigadora, traidora dos sonhos sonhados aos seus pés, deixa-me seguir de arrasto, mesmo a contragosto do coração, implorando por sua misericórdia, na esperança da águia de concórdia abrir suas asas sobre esse meu corpo humilhado e exausto de amar em completa solidão.

Pode me esconjurar, pode me destratar, pode me ignorar, mas eu não vou desistir de ligar o amor que você desligou. Você diz que acabou, mas eu não acredito. Aliás, não acredito mais em suas falas, em suas calas. Não vou simplesmente me aquietar nas valas que abriu para os meus corpos.

Corpos no plural, sim. Pois ao longo desse tempo, para lhe satisfazer, eu fui mais de um e não fui ninguém. Eu fui cem e fui nada. Eu fui muito de mim e mesmo assim, para você, fui pouco. Quando foi que as palavras de amor se transformaram nesse grande espinhadeiro, onde de verbos a preposições, tudo machuca?

Pode me enforcar, pode me torturar, pode abandonar, mas eu não vou lhe rasgar, apagar ou queimar dos meus versos.

Observação do autor: De amanhã, domingo, até terça-feira, você acompanhará neste espaço uma trilogia sobre o nascimento, a vida e a morte da mulher amada.


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