Daniel Campos

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18/08/2011 - Hei de viajar

Hei de viajar pelo seu corpo, pelas suas linhas geométricas e telefônicas, sem quaisquer cerimônias. Hei de viajar pelas suas ligações umbilicais, zodiacais, extraconjugais. Hei de viajar pelos querubins e pelos seus demônios, entre o enxofre e o jasmim. Hei de viajar pelos seus cantos, dos retos aos mais obtusos, como um perfeito intruso. Hei de viajar até que eu não saiba mais começam meus limites e findam suas afrodites.

Hei de viajar em passos suficientemente longos e pausas mudas, meditando em seu tempo particular todos os meus budas. Hei de viajar tomando para mim partes das suas asas, das suas artes. Hei de viajar pelas suas poeiras, pelas suas lamas, pelos seus desconfortos, pelas suas desordens até que todo sentimento apague as luzes que nos casam num mesmo palco. Hei de viajar trágico e nostálgico pelos seus fatos.

Hei de viajar quebrando suas paredes, embalando suas redes, pintando-lhe com meus verdes. Hei de viajar por suas tabernas, por suas pernas de pernas para o ar. Hei de viajar por suas desculpas, por suas pretensões malucas, por seus arrepios de nuca. Hei de viajar por seu sal, por seu açúcar. Hei de viajar por seu físico e por seu plano metafísico, por suas anunciações e aparições, num tempo tísico.


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