Daniel Campos

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22/11/2015 - Jardim vazio

Olhei pro jardim não vi flor nem capim. Assustei com tudo desflorido, desverdeado, revirado. Ai de mim, fiquei abobado. Os girassóis se foram, ficamos sós como sóis. Sóis desertos. Sóis sem fetos. Sóis nada pertos das suas luas. Jardineiras nuas. Quintais brasileiros. Canteiros sem camélias, astromélias, bromélias. Uma antiprimavera no mundo inteiro. E eu sem saber se semeava, se ressemeava ou se corria do verbo desaparecer. Eu não sabia se chorava ou se morria de dizer: Cadê? Cadê? Cadê o buquê? Cadê o ramalhete? Sumiram por quê? Das rosas não sobraram nem as prosas. Das hortênsias ficaram as inflorescências. Das papoulas não restaram nem as tolas. Das margaridas foram todas idas. As primaveras, em todas as suas eras, foram dadas como lidas. E o jardim da minha vida desbotou, mirrou, murchou, acabou... O jardineiro se despediu. O florista fugiu. O floreio faliu. E do amor-perfeito urgiu o vazio.


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