Daniel Campos

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02/12/2011 - Mais sobre a mulher amada

A mulher amada foge das premissas mais básicas do mais básico amor. De insípida, de inodora, de incolor essa criatura não tem nada. Em sua boca, notas ácidas, doces, amargas e picantes se misturam e se individualizam e se sobressaem. Embora intensa, a mulher amada é de uma leveza capaz de andar sem tocar o chão. Seus lábios, vermelhos como hibisco, trazem toques de tâmara, gengibre e patchouli.

Pelas entranhas da mulher amada, hortelã, menta, flor de laranjeira, amora. Uma fonte de aromatização capaz de inebriar os mais céticos. Seus olhos contêm flores in natura e pétalas em infusões. Alma cítrica, doce como laranja lima ou suave como limão siciliano. Uma alma a ser bebida sem pressa. Confere sabor, refresco e energia a quem a bebe. E o que dizer de seus cabelos de erva-cidreira, açúcar e mel?

A paixão pela mulher amada permite a invenção de receitas tendo nela própria todos os ingredientes necessários à feitura do mais perfeito deleite. Em seus pensamentos, frutas do bosque. Suas lembranças são compotas temperadas pelo tempo. Aliás, o tempo é um elemento presente do primeiro ao último toque da concepção da mulher amada. Mesmo com tantas variações de tempo, ela é atemporal.


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