Daniel Campos

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04/01/2011 - Mulher dos olhos de dry martini

Ah! Como é existencial para qualquer vida o encontro com a mulher dos olhos de dry martíni. Olhos milimétricos, canônicos, eternos feitos, como que por um alfaiate, com quatro gotas de vermute Noilly Prat debruçadas sobre uma dose de gim em bastante gelo na coqueteleria. Depois de misturado e mexido, coa-se o gelo de seus olhares e seus olhos são serviços numa taça de cristal de 100 ml.

Não há nada mais elegante que um cavalheiro segurar seus olhares de dry Martini. Sente-se como David Nive, Fred Astaire, Sean Connery. Diante de seus olhos não há de se ter pressa, tampouco pensamentos paralelos. É preciso sintonizar a cabeça com a freqüência exata de seus coquetéis de globos, retinas e meninas dos olhos. Um coquetel finamente elaborado.

Os olhos dessa mulher são resultados de fórmulas, produzidas com sucesso a partir de proporções e equilíbrio. Fórmulas aperfeiçoadas por décadas de experimentações e erros. Porque os olhos da mulher dos olhos de dry martíni não podem causar ressaca. Seus olhos não embriagam, inebriam. Os olhos dessa mulher são de um drinque longo, cuja doçura é sentida em suas notas finais.

Beber seus olhos é um ritual que deve ser feito com todo segredo e nudez.


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