Daniel Campos

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05/01/2011 - Mulher Jerusalém

Jerusalém é uma cidade com vida própria, ou melhor, uma mulher que ganhou vida. Uma mulher que coloca aos seus pés as três principais religiões monoteístas do mundo. Uma mulher que faz com que homens sintam-se as próprias reencarnações de São João Batista. Uma mulher que deixa qualquer um, crente ou não, atônico diante de sua beleza, da sua religiosidade, da sua tensão política. Uma mulher que é alvo de milagres e que faz pecar.

Jerusalém é a mulher velha, com quatro mil anos de história, com limites e muralhas, da época do Rei David. Pelas entranhas dessa mulher, a via-crucis, o muro das lamentações, o jardim das oliveiras, o santo sepulcro. Mas Jerusalém é também nova, mais moderna e laica. Uma mulher com bares e jovens e música eletrônica. Uma cidade alto-astral. Mulher alta, 750 metros acima do nível do mar, perto do paraíso. Mulher de baixa umidade, purgatório e inferno.

Mulher de badulaques, comércio da fé, e de fuzis. Mulher da guerra santa, da guerra por terra, da guerra por guerra. Jerusalém é uma mulher que seduz, que amedronta e que impõe respeito. Jerusalém é uma mulher que nos leva à origem, ao questionamento, à prova. Jerusalém é uma mulher que ora está escondida, no meio de vestes, ora está nua como que a maçã oferecida a Adão. Jerusalém é a mulher em formato de chave que guarda as portas do passado e abre as do futuro.


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