Daniel Campos

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29/11/2016 - Notícias de mim

Eu não sei o que me acontece, mas tudo anda ou desanda revirado no meu íntimo. É como se meu coração tivesse de ponta cabeça, de pernas pro ar. Amanheço, entardeço e anoiteço com o mundo entalado em mim. E assim não dá mais pra ficar. Apertos no peito. Sufocamentos. Angústias. Uma tristeza vinda de não sei onde, não sei porquê. Não dá para entender. E eu não me entendo. Os pensamentos entram em rota de colisão. Os sentimentos me inundam. E eu viro náufrago da minha própria imaginação.

E vem uma vontade louca, mais que louca, de gritar, de correr, de me jogar no vazio, no escuro, no nada. Os olhos constantemente marejados. O amor mais que à flor da pele. Uma necessidade fundamental de dar e receber colo, de abraçar, de beijar na boca. E ao mesmo tempo de ficar só, tão só, a procura de algo que só eu posso encontrar. São tantos quereres, tantos sentires, tantas inquietações, tantos sins e tantos nãos.

Eu saio ao vento querendo que o vento carregue esse nó que me ata o peito e não desata. Eu entro debaixo do chuveiro querendo que as águas levem pelo ralo esse peso que me assola e me amola tanto, mais que tanto... Eu caio na cama querendo dormir para acordar livre de tudo, mas como se livrar do mundo? Eu tomo um rio para ver se engulo o que não desce. Eu dedilho o violão e só o silêncio me cresce em gritos de amor e perdão.

É como se eu fosse um grande casulo. É como se eu fosse a casca. É como se eu fosse o hospedeiro. É como se eu fosse o útero. Eu sinto que há algo dentro em mim pronto para nascer, fazendo-me viver, moer, reviver e remoer todas as suas dores, talvez um sonho, uma esperança, uma paixão, não sei, sei lá, seja o que for, que venha a furo, que venha à tona, que venha à forra... e que eu, enfim, seja início, meio ou fim, me liberte.


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