Daniel Campos

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21/09/2016 - O cardápio sou eu

O cardápio está posto, você escolhe o que quer devorar. Tem liberdade para escolher qualquer prato e até mais de um deles. Meus olhos, minha boca, meu colo, meus cuidados e minha paixão desenfreada estão entre eles. De uma maneira ou de outra, escolha-me e me devore. Do modo que achar conveniente, lambiscando-me ou enchendo a boca de mim, aproveite dos sabores que trago ou não escondidos em mim. Se sirva sem acanhamento. Me engula. Me morda. Me coma. Sou feito de sonhos, de sentimentos, de esperanças. Irá sentir o gosto nítido de toda essa mistura a cada bocado. Que minha poesia dê água na sua boca. Que meus versos te façam lamber o prato. E pode me comer com as mãos, com os olhos, com as línguas que tiver aprendido até então... pois meu corpo fala português, inglês, francês, latim em expressões que transcendem barreiras e regras. E vá em frente mesmo que a emoção der aquela apimentada colocando lágrimas em seus olhos. Por mais que eu seja um prato servido quente, não precisa ter pressa sequer hora para acabar. Que seja uma refeição completa, para que o que tenho em mim lhe traga sustança, vigor, vontade de viver, de querer, de poder o impossível. Pois eu sou exatamente isso, o homem perdido entre a terra e as estrelas, entre as raízes e asas, entre o ser e a imaginação. Venha, mergulhe de cabeça nos meus temperos. Apure o paladar para achar cada nota de coração que me compõe. E se não aguentar tanta intensidade, dê um tempo e volte quando a fome de mim bater mais forte que qualquer razão.


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