Daniel Campos

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23/05/2010 - O espanto de amar

Lá no fim daquela estrada tem uma árvore amarela, uma cotovia na janela e uma noite prateada de estrelas. Pelas minhas contas é exatamente lá, às escondidas, que sol e lua se encontram e aprontam coisas proibidas. Ao menos é isso o que dizem os cochichos do vento sul depois de roubar o pensamento dos moinhos que giram sozinhos pelo azul marinho do céu que lá existe. É lá que o sol do atol e a lua de mel brincam de carrossel. É para lá que nós vamos, amor meu, misturar os nossos eus.

Vamos andar nas costas de um cisne pelo lago do sol. Vamos catar conchas e ouvir o som de um mar enluarado. Vamos colher flores de fogo e nos arder numa mesma insolação. Vamos assoviar em si bemol como as aves da noite escura, na formosura das claves de sol. Vamos seguir a luz do farol lunar segurando nas asas de um serafim. Vamos nos acabar de amar numa cama de alecrim. Vamos conhecer a macieira do amor, com frutos de caramelo ao pé de uma roda gigante.

Vamos para lá, amor meu, rodar o meu eu no seu eu. Vamos para lá, amor meu, parar no ponto mais alto da roda gigante e, diante de tamanho eclipse, gritar o espanto de amar.


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