Daniel Campos

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22/04/2015 - O galo do dia

Galo cantou alumiando o dia. Gato roncou no telhado português. Poeta cantou sua poesia pro cachorro maltês. O jornaleiro queria falar de amor, mas amor não vende jornal. O carro não pegou de primeira e diante da ladeira quem é que empurrou? O vento o passado não carregou. E o profeta professou tanto que santo de casa não faz milagre quanto que até o melhor dos vinhos pode virar vinagre. A menina pediu fé. O menino pediu mulher. O galo sem saber qualé cantou puxando o dia que não queria sair da toca. A lua provoca de baby-doll transparente, inocente, envolvente... O cego de paixão tropeça procurando suas lentes. Por entre estrelas atrasadas há dança de salão, dança do ventre, dança de corpo presente. Dizem amém e ah nem com a mesma força. O choradeiro de quem perdeu um amor de verão fez uma poça no meio do estradão. Clareia, mas pela cidade já não passa mais boiada, não tem mais café na cama pra namorada, não se toca mais o sino pra chamar pra benção do galo. O galo já desistiu de se maestro do dia e anda atrás de uma galinha que só quer sabe de encher sua moela. Enquanto isso, o dia, sem freio ou esteio, desce na banguela...


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