Daniel Campos

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29/02/2016 - O povo

O povo fala que isso e aquilo, cantando igual grilo. O povo inventa, aumenta, atenta. O povo conta com o ovo antes da galinha. O povo bisbilhota com alma de vizinha. O povo futrica, leva e traz, se beija e não se bica. O povo dá o braço, mas não dá a mão. O povo quer sim, outro sim, e mais um sim, mas só fala não. O povo alfineta, não se aquieta, fala mais do que profeta. O povo prevê e não crê. O povo atormenta, provoca e não aguenta. O povo dá língua, dá íngua, dá mingua. O povo se busca e não se encontra. O povo se afasta e não se dá conta. O povo quando apedreja tem braços de polvo. O povo golpeia, enteia, machuca e ainda quer açúcar. O povo inveja, esperneia, troveja e dá às costas. O povo devora o sonho do outro, não dá nó solto, e nem chora ao servir o coração do outro em postas. O povo seduz, induz, conduz e depois corre. O povo se joga e não se socorre. O povo finge, mente, promete e não age diferente. O povo nasce, vive e morre cuidando da vida alheia. O povo caminha de duas pernas, mas na verdade serpenteia.


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