Daniel Campos

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17/01/2016 - O trem do dia

O trem do dia vem vindo pela serra do bem-vindo. Vem todo lindo, feito de ferro e fuligem. Vem serpenteando pelos barrancos de dar vertigem. Vem com seu Arlindo e seu Olindo e seu Gumercindo. Vem convergindo para chegar ao destino entre apitos de menino e aflitos de coração. Vem tomando impulso pelo vento do ribeirão. Vem de lata chamando atenção dos vira-latas de plantão. Vem descendo, vem crescendo, vem florescendo como flor que aparece na estação. Vem sendo esperado por uma pequena multidão. Vem correndo e vigiado pelo gavião. Vem vindo, chegando e sumindo, das vistas num clarão. Vem no sacolejo, no relampejo, no beijo de um amor sobre trilhos que a cada curva tem um filho. Vem fazendo revoada de passarada com seu barulhão. Vem com a força de um trovão. Vem chegando, se mostrando, se dando, pouco a pouco, o trem do dia entre a realidade e a fantasia, entre a lógica e a emoção, entre o que se vê e a imaginação.


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