Daniel Campos

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19/03/2015 - O zóio da menina

O zóio da menina encheu, o zóio da menina vazou e o cabelo da menina cresceu, cresceu que ventou pras bandas de onde coração não anda. O zóio colorido da menina entornou e saiu bêbado pelas pedrinhas da calçada tropeçando em rainhas descoroadas e luas descoradas, todas espreguiçadas, cansadas de reinar. O zóio da menina formou onda, deu peixe, sereia e pescador, e agora por ele ronda marisco em feixe, vapor de cachoeira e farol que clareia. O zóio da menina de cinturinha de pilão balançou, chamou pelo vento de lá pelo vento de cá, e orvalhou ao tempo que dançou de uma só vez com o tempo que passou e com aquele que ainda não chegou. O zóio da menina esverdeou, azulou, avermelhou e até enviuvou em vida como se não escutasse nada do que o timoneiro do amor lhe falou por meio das mensagens engolidas por garrafas que um dia lançou a esse par de zóio tão, mas tão marinheiro que se aninha entre o amanhã e o anteontem na linha do horizonte dando conta de chorar o mar inteiro.


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