Daniel Campos

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23/10/2013 - Para dormir

Para dormir, ela conta carneirinhos, pede sono pro seu protetor e canta baixinho uma canção de amor. Para dormir, ela faz beicinho, abraça o lençol e vira o travesseiro. Para dormir, vai fundo nas lembranças, volta ao tempo de criança, cria um espaço vazio e se joga nele. Para dormir, ela busca o lado mais escuro do quarto, inventa histórias de ninar e pede calma. Para dormir, ela toma calmantes naturais, imagina mensagens zodiacais e cede às tentações.

Para dormir, ela revive contos de fada, brinca de cinema mudo, apaga os vagalumes ao seu redor. Para dormir, ela traz a lua para perto, brinca com as estrelas, afasta todos os pensamentos negativos. Para dormir, ela embrulha a cabeça, pede um tempo aos fantasmas, ilude-se com promessas e planos impossíveis de serem cumpridos. Para dormir, ela inverte a lógica das coisas, muda o sentido da estrada e tenta um acordo indecoroso com o tempo.


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