Daniel Campos

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19/03/2012 - Sal grosso

Sal grosso pra banho de descarrego. Sal grosso pra limpar o ambiente. Sal grosso pra cortar o mau-olhado. Foi Preto Velho quem falou, oi, foi Preto Velho quem mandou lavar meu corpo, minha casa, meus caminhos com sal grosso. A onda eletromagnética desse sal tem o mesmo comprimento da onda violeta. E violeta é de Nanã. O sal grosso é de Nanã, da velha que é do mundo desde que o mundo é mundo. Com o sal da manhã, com o sal em buquê, com o sal grosso, renovai-me, Preto Velho, Adorai, Nanã Buruquê, Salubá.

Com sal grosso Preto Velho me benze. Com sal grosso Preto Velho me fecha. Com sal grosso Preto Velho leva tudo de ruim pra longe de mim. Preto Velho me mandou tomar banho de mar ou trazer o mar para o meu banho. Preto Velho sabe das coisas. Preto Velho limpa, Preto Velho cura, Preto Velho jura ajudar quem segue seus conselhos. Preto Velho cruzou o mar de sal em navios negreiros tento água até os joelhos. Preto Velho fala sem rodeios das ciladas. Entre gargalhadas, Preto Velho me mandou tomar o sal das encruzilhadas.

Preto Velho falou pra eu me cobrir de sal na lua cheia. No balanço das ondas Preto Velho mareia. A cobra no meio do sal serpenteia. O sal incendeia tudo quanto é veneno, afugenta demônio grande e pequeno. Preto Velho sabe os caminhos. Preto Velho é a alma dos pergaminhos. Preto Velho é o sal dos destinos. Preto Velho falou para eu levar um patuá de sal em meus versos pra me livrar do mal perverso. Preto Velho me aconselhou a tomar o sal das lágrimas da filha de Maria Padilha.


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