Daniel Campos

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Sala de estar

A sala de estar estaria de toda escura se não fosse pela penumbra da música de Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina espalhada num carrossel. Podia ser qualquer um deles, mas, no momento mais precioso da noite, era Tom Jobim. Embora não houvesse porta-retratos na sala, existiam tantas fotografias. Feitas de imagens, cheiros, sons, marcas. E a música continuava falando de amor.

Alguns passos no tapete da sala e os olhos afeitos de uma cachorrinha que parecia saber mais do que supúnhamos. Mais alguns passos e alguns livros certos na hora certa no lugar certo. E incerto, tropeço em Vinícius e Drummond. O amor em notas e em versos.

Se houvesse algum espelho na sala, perguntar-me-ia: quem és tu vida? Quem és tu? E a mesma música me responderia ? amor. De que vale a vida sem amor? De que vale a vida sem grandes, médios e pequenos amores? De nada responderia o poeta mais próximo seguido pelo mais distante.

Cada qual com sua medida, cada qual com seu tempo. Amar. Amar em amores diferentes. Amar, primeiramente, como um ser vivo que, por instinto de prazer ou de sobrevivência, ama. Amar como criança. Amar como filho. Amar como criatura a ser amada. Amor como pai. Pai de sonhos. Amar os risos de outra boca. Amar a esperança. Por mais que ela se esconda, havemos de amar a esperança. Amar um amanhã.

Esqueça todo e qualquer mandamento e eis o que devemos fazer como missão: amar a dor e sofrer pela criatura amada como nunca dantes feito.


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