Daniel Campos

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Sherlok homes, 007 e companhia

Cuidado! Antes de ler esse artigo tenha a certeza de que está sozinho. Olhe para trás, para os lados, certifique-se que não está sendo seguido. Toda a precaução é pouca. Há uma onda de Sherlok Homes agindo no Brasil. São cerca de novecentos agentes secretos com o aval do governo espionando o que não deve ser bisbilhotado.

Não contrarie o governo, se o fizer faça de um jeito que ninguém tome conhecimento da sua indignação. Eles investigam quem questiona o governo. Lembra do Itamar Franco, o governador de Minas Gerais; do procurador da República Luis Francisco; do jornalista Andrei Meirelles, da revista Isto É, que apurava o escândalo do TRT paulista? Pois bem, todos eles questionaram o governo. Todos eles tiveram suas vidas espionadas pela Abin.

Abin? Agência Brasileira de Inteligência. Ah? Criada no final do ano passado, com função de servir ao Estado, hoje é comandada pelo general Alberto Cardoso. General? Espionagem? Isso lembra outros tempos. Outros brasis. Mas qual o real interesse em saber da vida de pessoas que aparentam ser inofensivas ao Estado. Por que não investigar o narcotráfico? O esconderijo de Lalau? As privatizações? Simples, porque isso não representa perigo ao andamento do governo.

A Abin diz que não espiona ninguém. Ela apenas levanta informações pedidas pelo governo de forma legal e ética. Não usam grampos, nem infiltram agentes, tampouco levantam dados ideológicos. Na teoria isso é muito bonito, mas na prática é diferente. Nos relatórios secretos haviam diálogos transcritos de Itamar Franco, sem falar que infiltraram uma agente na vida de Luís Francisco e levantaram a ficha ideológica do jornalista André Meirelles. Sobre tudo isso, FHC diz não saber de nada. Elementar meu caro...

A Abin está se assemelhando ao SNI (Serviço de Inteligência da Ditadura Militar). A Abin está passando dos limites que lhe foram impostos pelo Congresso quando este aprovou a sua criação. Limites! Esse é o ponto crucial. Onde é o limite da Abin? A lei que a restringe ao ?interesse nacional? é ampla demais. Mania brasileira onde todas as leis são passíveis de serem infringidas de forma legal. O que é de interesse nacional? Será que o Estado consegue nos responder essa pergunta?

As agências de inteligência são muito bonitas nos filmes, com aqueles agentes que podem tudo, aquelas mulheres infalíveis na beleza e no suspense, mas na vida real "a coisa" é diferente. A CIA (EUA) e a KGB (ex-URSS) que fizeram história, principalmente durante a Guerra Fria, nunca viveram ?as mil maravilhas?. Serviços de inteligência são de uma complexidade extrema. O limite anda na corda bamba. Precisam agir de forma correta. Agora, será que a forma correta de agir é em prol de interesses particulares? É... a Abin precisa ser inteligente o suficiente para achar uma razão para continuar a existir.


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