Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
16/02/2010 - Sumiço de mulher

É um pássaro no céu, é um vintém na mão, é uma folha de papel ao chão dizendo seu nome, seu nome, seu nome... Hoje eu acordei com fome de você e no primeiro reboliço sai pelas ruas tentando encontrar o porquê de seu sumiço. Será feitiço o que a levou? Será um bicho o que a pegou? Será que foi apanhada feito flor? Seja lá o que for, voou, voou, voou... E o beijo derradeiro segue em cortejo pela boca vazia, pela alma vazia, pela casa vazia...

Rolou pedra, desceu chuva e a lua pousou de viúva. O mundo virou de pernas para o ar e eu, aqui e ali, querendo lhe encontrar. Procurei pelas vitrines, pelas janelas dos arranha-céus, pela fenda de biquíni, por debaixo dos véus da cidade. E só encontrei, ai que maldade, as linhas da saudade. Por onde anda você? Será que se enfiou em algum buquê? Por onde anda você, que ninguém vê?

O matou cresceu, a vela apagou e o medo vingou. Será que alguém a matou? Não fui eu, não fui eu. Se ao menos houvesse um grito, uma pista sequer, um vulto bonito de mulher rondando por aí já seria o bastante para eu sair daqui. Daqui dessa espera que me unha com garras de fera. Como é difícil brindar sozinho o amor em uma taça solitária de vinho. Ai Baco, aonde vai o caminho da mulher que me deixa fraco?


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar