Daniel Campos

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19/07/2014 - Tão só, mas tão só

Fiquei só. Tão só. Mas tão só... Cato frases de amor já não ditas espalhadas pelo chão pós-vendaval. Alimento-me dos pedaços de um passado tão apaixonado que não teve chance de ser presente, quiçá futuro. Ando entre o que fui e o que não pude ser, pois já não sou. Já não sou nada além de só. De um ser só. De só ser meu só. E, por favor, não tenha dó. E, por favor, não esmole amor. E, por favor, não me impeça de viver no ontem, pois o hoje não tem graça, pois o hoje não tem sentido, pois o hoje não tem valor algum a quem agora é só mais um nenhum. Eu colo fotografias rasgadas. Eu emendo as linhas do destino. Eu reúno previsões, profecias e desejos num espelho só. Eu tento entender na minha fraca filosofia, na minha ultrapassada ideologia, na minha cega fantasia, o que houve para ser assim: tão só quão fim. Fiquei só. Tão só. Mas tão só. Que minha poesia bate (e se debate) numa só nota: dóóóóóóóóóóó.


Comentários

19/07/2014, por Rafaela Almeida:

Sua poesia arranha A Gente por dentro


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