Daniel Campos

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31/08/2010 - Visões de guerra

As últimas cicatrizes ainda ardem nos matizes dos olhares que não conseguem se esquecer do que viram. É tanta guerra, são tantos estilhaços de coração. É tanta guerra, são tantos pedaços de canção. É um mundo partido, dividido, proibido. Um mundo que dói e corrói e desconstrói. Um mundo imundo, profundo, moribundo querendo morrer em seus braços a todo minuto. Um mundo de luto.

Pólvora e explosões queimando a retina. Sangue e fuligem borrando a íris. Paisagem e vertigem numa ilusão óptica. Um exército de mutilados. Crianças sem colo no meio de uma estrada que não leva a nada. Mães com pás e enxadas enterrando filhos. O céu vermelho numa plantação de fogo. Fome e sorgo. Trincheiras fazendo o papel de lar, em meio a um luar alvejado de balas de canhão. E o horizonte dizendo “não”...

Todos têm arma. Todos têm carma. Armas de defesa. Carmas de ataque. Corações de Iraque, Vietnã, Afeganistão. Corpos ao chão. Mísseis no céu. Rajadas de metralhadora ecoando ao léu. Granadas de Espanha. Manadas de gente. Sol quente. Uma terra doente. Vacas magras. Rios de petróleo. Filas de sofrimento correndo dos olhos de uma natureza morta. E uma tristeza de cortar as pupilas.


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