Daniel Campos

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18/08/2016 - Enigma

Se eu fosse minha mãe teria me chamado de enigma
Pois sou exatamente isso – um enigma ambulante
Eu, filho da lua, a personificação do enigma
Alfa, beta, ômega, sigma e, ao mesmo tempo, nada disso
Um outro estado, ainda não decifrado
Eu quero me desvendar e não consigo
Vivo me surpreendendo com minhas atitudes
Com a forma como o que me habita me move
E o que me habita e me move é o amor que sinto
Aliás, o amor que sou, e esse amor é um enigma
Impossível para qualquer humano desvendar
Nem mesmo eu – um et assumido – consigo compreender
Como alguém é capaz de se entregar a outro alguém dessa maneira
Um amor que desconhece limites, que contraria o bom-senso,
Que cresce quando roubado, que se autoregenera quando ferido,
Que se multiplica, que se fortalece, que se adapta a qualquer situação
Um amor fora de série que deixa interrogações pelo ar
Um amor que suporta de humilhações a ausências com nobreza
Um amor que não desiste da criatura amada, sempre pronto a servir
Um amor que sorri mesmo quando lhe tiram lágrimas
Um amor que mesmo envolto pelo câncer da falta é uma coisa benigna
Eu – esse ser apaixonado – sou realmente um caso a ser estudado
Por psicanalistas, filósofos, poetas e especialistas do amor em geral
A partir de hoje eu, filho da lua, passo a assinar Enigma.


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