Daniel Campos

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Espanta-medo

Quando deita ao meu lado
Teu passo macio cala os fantasmas
Que até pouco tempo gritavam em mim
Palavras de horror

Ah! Eles me falam coisas horríveis
Que o menino que morava em mim
Molhou os lençóis
Agarrou nas minhas barras
E saiu correndo por aí

Mas agora que seu corpo
Deleita em meu corpo
Ele deve voltar
Aliás! Ele já começou a voltar
Está vendo o brilho nos meus olhos?
É ele quem está chegando

É como se as coisas boas da vida
Pulassem do seu corpo para o meu
No trampolim de uma festa
Que há tempos não acontecesse em mim
E meu pulso vai ganhando um outro ritmo
Meus pulmões vão ocupando toda a cavidade torácica
Meus pelos vão ficando ouriçados
Vulgarmente arrepiados

Como aquelas fadas que ninguém acredita
Por morarem em florestas encantadas
E terem varinhas de condão
Você transforma meus pesadelos
Em sonhos leves, lépidos
Ah! Como se atreve a se afastar de mim?

Quando você deita nesta cama
Meus sonhos saem galopando
Em cavalos de um imenso carrossel
Meu amor chega ao ápice
E pára, como no alto da roda gigante

E a cidade que habita meus mundos
Mais profundos
Secretos
Íntimos
Se ilumina
Como se fosse invadida
Por milhões de pirilumes

Ah! Quando deita ao meu lado
O céu fica escuro
Sem lua
E eu tranco as portas do destino
Com medo de perder
Teus quartos
Crescentes
Cheios
Novos
Minguantes
De um tempo
Que adormece
Sem querer
Ou sem poder
Adormecer.


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